DIÁRIO DE UMA PÓS-DOUTORANDA
Querido diário, é madrugada e tenho sido despertada por muitos pesadelos. Te escrevo porque, neste momento, não tenho correspondentes. Você sabe que sempre fui uma escritora de diários, até encontrar, na carta, uma outra da outra da outra, ainda que com-fabulada. Não é que você seja nada ou ninguém. Mas todos sabem que escrever em um diário é como se fosse para si mesma. Sei que você vai compreender meu jogo de palavras. Você lembra daquele corredor silencioso, onde fiz a entrevista do pós-doc? Eu estava em uma selva de pedras, com-correndo a dois processos seletivos, ao mesmo tempo. Sim, eu estava desesperada para me libertar de uma condição profissional opressora, ainda que pudesse entrar em outra. Cheguei a fazer um registro em preto e branco daquele tempo-espaço, mas tal lembrança me causava tanta angústia, que a deletei dos meus arquivos, como uma eterna editora de mim mesma. No entanto, aquela imagem me volta constantemente, porque me observar dentro de